Se você acha que o preço do seu próximo celular já está salgado, segure o fôlego. A Samsung aplicou aumentos de até 60% em módulos DDR5 entre setembro e novembro, impulsionada pela corrida das IAs, e o efeito dominó já chegou ao mercado de smartphones, com projeções de alta de 20% a 30% nos flagships. Entenda o que está por trás dessa escalada de custos e como isso vai pesar no seu bolso.
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Por que a memória DDR5 está tão cara?
A matéria-prima dos chips de memória vive um momento de escassez. Data centers e empresas que treinam inteligência artificial estão adquirindo grandes quantidades de módulos DDR5, muitas vezes até pagando premium para garantir estoque. Segundo a Reuters, a Samsung reajustou preços de vários módulos entre setembro e novembro:
- 32 GB DDR5: de US$ 139 para US$ 239 (alta de ~72%, apontada como até 60% pelos distribuidores).
- 16 GB DDR5: aumento de cerca de 50%.
- 128 GB DDR5: acréscimo similar, na casa dos 50%.
Esse é um dos ajustes mais expressivos em curto prazo já registrados pela indústria de semicondutores. A pressão pela oferta veio quando a Samsung não conseguiu expandir a produção na mesma velocidade em que a demanda por IA explodiu.
O efeito dominó do setor corporativo para o varejo
Em smartphones, o mesmo tipo de chip — embora na versão móvel LPDDR5 ou LPDDR5X — é peça-chave para multitarefa, jogos e processamento de IA onboard. E, como fabricantes não têm margem de manobra, repassam o custo aos consumidores. O presidente da Xiaomi, Lu Weibing, confirmou que o encarecimento da memória foi fator decisivo para elevar o preço de lançamento da linha Redmi K90.
O conhecido vazador Digital Chat Station também sinalizou aumentos de 20% a 30% ano a ano em flagships esperados para 2026, especialmente aqueles que adotam LPDDR5X. Se você estava de olho no Galaxy S26, no iPhone 18 ou no novo OnePlus, prepare-se para ajustes de etiqueta.
Marcas e especialistas comentam a alta
A Xiaomi já avisou que “o shortage continua e poderá haver novos aumentos”. A Samsung, principal fornecedora de memórias, não se pronunciou oficialmente, mas distribuidoras relatam que a demanda está distante de ser suprida. Em relatórios recentes, analistas reforçam que, enquanto a IA ganhar escala, a pressão sobre insumos como DRAM e NAND seguirá elevada.
Para consumidores, a mensagem é clara: smartphones de ponta ainda vão custar caro nos próximos meses. Para marcas, o desafio é equilibrar preço e margem em um cenário de inflação de componentes.
Como a alta de memória afeta preços no Brasil
No Brasil, além do dólar elevado e dos impostos de importação, agora temos o impacto direto do custo da memória internacional. Se um módulo de 32 GB DDR5 saltou de US$ 139 para US$ 239, imagine essa diferença aplicada em LPDDR5X embarcado em um celular de R$ 5.000: a conta pode adicionar cerca de R$ 500 no preço final, dependendo do câmbio e do repasse de tributos.
O resultado: lançamentos mais caros, promoções menos agressivas e ciclos de upgrade mais longos. Consumidor que pensava em trocar de aparelho a cada ano pode adiar a compra para 2027, na esperança de que a oferta melhore e os preços voltem a cair.
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Dicas para driblar a alta de preços
- Aguardar promoções sazonais: Black Friday e liquidações de estoque ainda podem trazer ofertas interessantes de modelos de 2023 e 2024.
- Optar por intermediários com memória mais modesta: se você não usa apps muito pesados, 6 GB ou 8 GB de RAM podem ser suficientes.
- Comprar importado por canais oficiais: leve em conta frete e impostos, mas às vezes o custo-benefício compensa.
- Conferir o mercado de usados: aparelhos de um ou dois anos atrás podem oferecer desempenho excelente por um valor mais em conta.
Essas medidas podem amenizar o impacto no seu orçamento até que a produção de chips se normalize.
O que esperar para 2026
Analistas apontam que, com a expansão de fabs (fábricas de semicondutores) nos próximos dois anos, a oferta de DRAM e NAND deve se estabilizar. Mas, enquanto isso não acontece, preço elevado será a regra. As marcas focarão em alternativas como:
- Memórias proprietárias ou customizadas para reduzir custos.
- Parcerias estratégicas para garantir cotas de fornecimento a longo prazo.
- Modelos “lite” que usem tecnologia de geração anterior (LPDDR4X).
De qualquer forma, seu bolso sentirá o baque até meados de 2027, quando a desaceleração do mercado de IA aliviar a pressão por chips.
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Créditos TecStudio
